segunda-feira, dezembro 22, 2008

Cristianismo Pagão - Parte 3

SERMÃO: A VACA MAIS SAGRADA DO PROTESTANTISMO

Elimine o sermão e você eliminará a fonte mais importante de nutrição espiritual para a maioria dos crentes. Todavia, a surpreendente realidade é que o sermão não tem raiz nas Escrituras! Melhor dizendo, oriundo da cultura pagã, ele foi adotado e nutrido pela fé cristã. Esta é uma declaração alarmante. É verdade? Mas há mais.(...)

As Escrituras registram homens e mulheres pregando. Todavia, há uma grande diferença entre a pregação inspirada pelo Espírito, descrita na Bíblia, e o moderno sermão. Esta diferença quase sempre passa por alto porque fomos condicionados a não nos importarmos. Em vez de ajustarmos nossas práticas à Bíblia, lemos a Bíblia visando ajustá-la às nossas práticas. Então, equivocadamente, aceitamos o púlpito como algo bíblico. Vamos analisar isso mais de perto.

O moderno sermão cristão tem as seguintes características:

É uma ocorrência regular, proferido de cima do púlpito, pelo menos uma vez por semana.

É proferido quase sempre pela mesma pessoa, tipicamente pelo pastor.

É ministrado a uma audiência passiva; é essencialmente um monólogo.

É uma forma de falar culta, que possui uma estrutura específica.

Tipicamente, contem uma introdução, de três a cinco pontos e uma conclusão.
Contraste isto com o tipo de prédica mencionada na Bíblia. No AT, os homens de Deus pregavam e ensinavam. Mas sua falação não se encaixa com o sermão moderno.

Aqui vão as características das pregações e ensinos do AT:

Uma participação ativa e interrupções por parte da audiência eram comuns.

Eles falavam coisas que incomodavam os ouvintes abordando uma temática atual, em vez de apresentar um documento ou anotações rabiscadas em um papel.

Não há indicação que os profetas ou sacerdotes do AT proferissem discursos ou mensagens regulares para o povo de Deus. Além disso, a natureza das pregações do AT era esporádica, fluida e aberta à participação da audiência.

A pregação da sinagoga antiga seguiu um modelo similar.

Vamos agora ao NT. O Senhor Jesus não pregava um sermão regular à mesma audiência. Sua prédica e ensino consistiam de muitos formatos. Ele passava suas mensagens a muitas e diferentes audiências. (Certamente Ele compartilhou a maior parte de seus ensinos com os discípulos. Todavia, as mensagens que Ele compartilhou com eles foram consistentemente espontâneas e informais).

Seguindo o mesmo modelo, a pregação apostólica registrada em Atos dos Apóstolos possui as seguintes características:

Foi esporádica.

Foi proferida em ocasiões especiais para tratar de problemas específicos.

Foi extemporânea e sem estrutura retórica.(...)

O mais antigo registro cristão relacionado à pregação de sermões refere-se ao final do século II. Clemente de Alexandria (150-215) lamentava o fato dos sermões exercerem pouca influência nos cristãos. Todavia, apesar de seu reconhecido fracasso, o sermão chegou a ser uma prática normal entre os crentes no princípio do século IV.
Isto sugere uma questão interessante. Se os cristãos do século I não se destacavam por seus sermões, de onde os cristãos pós-apostólicos adquiriram o costume de proferir sermões? A resposta é contundente: O sermão cristão foi adotado diretamente da fonte pagã da cultura grega!(...)

Como é que o sermão grego foi parar dentro da igreja cristã? Por volta do século III, foi criado um vácuo quando o ministério mútuo do Corpo de Cristo se desvaneceu. Durante este tempo, o trabalhador itinerante que falava de uma forma espontânea deixou as páginas da história da igreja. Para substituí-lo, começou a surgir uma casta clerical. As reuniões abertas começaram a desaparecer, e as reuniões da igreja passaram a ser mais e mais litúrgicas.

Durante o século III, a distinção entre o clero e o leigo se disseminou rapidamente. Uma estrutura hierárquica começou a arraigar-se, e surgiu a idéia do “especialista em religião”. Em virtude destas mudanças, o cristão funcional teve problemas para ajustar-se a esta estrutura eclesiástica tão diferente do que era antes. Não havia nenhum lugar para exercer seus dons. Pelo século IV, a igreja tornou-se completamente institucionalizada e o funcionamento do povo de Deus congelou.

Nesse meio tempo muitos oradores pagãos se tornaram cristãos. Como resultado, idéias filosóficas pagãs foram inadvertidamente sendo introduzidas na comunidade cristã. Isso resultou em que alguns dos novos crentes durante este tempo eram, antes da conversão, oradores e filósofos pagãos. Lamentavelmente, muitos destes homens foram os primeiros teólogos da igreja Cristã. São conhecidos como “pais da igreja”, contudo algumas de suas obras estão conosco.

Assim, a idéia pagã de um orador profissional treinado para proferir discursos ou sermões mediante pagamento passou diretamente ao sangue do cristianismo. Note que o conceito de “mestre especialista assalariado” não veio do Judaísmo. Veio da Grécia. Era costume dos rabinos judaicos dedicar-se a um trabalho ou profissão para não ter que cobrar pelos seus ensinamentos.

Estes ex-oradores pagãos (agora cristãos) começaram a utilizar integralmente suas destrezas oratórias para fins cristãos. Eles se sentiam em seu cargo oficial e expondo o sagrado texto bíblico, como um sofista ao proferir uma exegese do texto quase sagrado de Homero...” Se você comparar um sermão pagão do século III com um proferido pelos pais da igreja, você encontrará a estrutura e a fraseologia de ambos bem similares.(...)

Cristianismo Pagão - Frank Viola

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