domingo, dezembro 28, 2008

Cristianismo Pagão - Parte 4

O EDIFÍCIO DA IGREJA HERDANDO O COMPLEXO DE EDIFÍCIO



O antigo Judaísmo estava centrado em três elementos: o templo, o sacerdócio e o sacrifício. Quando Jesus veio, Ele cancelou os três elementos cumprindo-os em Si mesmo. Ele é o Templo que incorpora uma casa nova e viva feita de pedras vivas — “sem mãos [humanas]”. Ele é o Sacerdote que estabeleceu um novo sacerdócio. Ele é o Sacrifício perfeito e definitivo.

Foram apenas os cristãos que descartaram todos estes elementos. Poder-se-ia dizer que o cristianismo foi a primeira religião sem templos. Na mente do cristão primitivo, era a pessoa que constituía o espaço sagrado, não a arquitetura. Os primeiros cristãos entendiam que eles mesmos — coletivamente — eram o templo de Deus e a casa de Deus.

Notavelmente, em nenhuma parte do NT, encontramos os termos “igreja” (ekklesia), “templo”, ou “casa de Deus”, usados para referir-se a edifícios próprios. Ao ouvido do cristão do século I, descrever um edifício como ekklesia (igreja) seria como chamar uma mulher de arranha-céu!

O uso inicial da palavra ekklesia (igreja) para referir-se a um lugar de reunião cristã ocorre no ano 190 d.C. por Clemente de Alexandria (150-215). Clemente foi a primeira pessoa a utilizar a frase “ir à igreja”, que era um pensamento alheio ao crente do século I. (...)

Entre os séculos IV e VI, o catolicismo romano absorveu as práticas religiosas do paganismo e do Judaísmo. Instalou um clericalismo profissional e erigiu edifícios sagrados de alvenaria. E converteu a Santa Ceia em um sacrifício místico.

Constantino — Pai do Edifício da Igreja



A história de Constantino (285-337 d.C.) abre uma página tenebrosa na história da cristandade. Foi ele quem iniciou a construção dos edifícios eclesiásticos. A história é assombrosa. (...)

Em 312 d.C., Constantino tornou-se César do Império Ocidental. Em 324, ele tornou-se Imperador de todo Império Romano. Pouco tempo depois ele começou a ordenar a construção de edifícios de igreja. Ele fez isso para promover a popularidade e a aceitação da cristandade. Se os cristãos tivessem seus próprios edifícios sagrados — como tinham os judeus e os pagãos — a fé cristã seria legitimada no Império.(...)

Depois da viagem de Helena a Jerusalém em 327 d.C., Constantino começou a construir os primeiros edifícios de igrejas ao longo do Império Romano. Ao fazê-lo, ele seguiu a trilha pagã de erigir templos para honrar a Deus.

É interessante o fato dele ter nomeado suas igrejas com nomes de santos — da mesma forma que os pagãos nomeavam seus templos com nomes de seus deuses. Ele construiu suas primeiras igrejas sobre os cemitérios onde os cristãos honravam seus santos mortos.(...)

Querido cristão observe! As raízes do “sagrado” edifício da igreja são completamente pagãs. O edifício da igreja foi inventado por um professo ex-pagão dotado de uma mente completamente pagã. Tais edifícios da igreja foram construídos sobre a idéia pagã de que o morto cria um espaço santo. Por favor, lembre-se disto toda vez que você escutar alguém se referir a um edifício como casa “santa” e “sagrada” de Deus.(...)

Os edifícios das igrejas construídas por Constantino eram desenhados exatamente conforme o modelo da basílica. A basílica era o edifício governamental mais comum. Era desenhada segundo o estilo dos templos pagãos. (...)

Ele também a favoreceu por sua fascinação com a adoração ao sol. As basílicas foram desenhadas de tal maneira que os raios solares caíam sobre o orador enquanto este falava à congregação. Igual aos templos gregos e romanos, as basílicas cristãs foram construídas com a fachada voltada para o leste.

Exploremos a basílica cristã por dentro. Era uma réplica exata da basílica romana usada pelos magistrados e oficiais romanos. As basílicas cristãs possuíam uma plataforma elevada de onde os clérigos ministravam. A plataforma tinha uma elevação com vários degraus. Também havia uma grade que separava o clero dos leigos.

No centro do edifício ficava o altar. Era uma mesa (mesa do altar) ou arca coberta por uma tampa. O altar era considerado o lugar mais santo do edifício por duas razões. Primeiramente, este continha relíquias dos mártires. (Após o século V, a presença de uma relíquia no altar era essencial para a legitimação da igreja). Em segundo lugar, a Eucaristia (o pão e o cálice) estavam sobre o altar. (...)

É interessante que a maioria dos edifícios das igrejas modernas possuem cadeiras especiais para o pastor e seus auxiliares situadas sobre a plataforma atrás do púlpito. Assim como no caso do trono do Bispo, a cadeira do pastor geralmente é a maior! Tudo isso são vestígios da basílica pagã.

Somando-se a tudo isso, Constantino não destruiu templos pagãos em uma larga escala, nem tampouco os fechou. Em alguns lugares os templos pagãos existentes foram esvaziados de seus ídolos e convertidos em edifícios cristãos. Os cristãos usaram materiais das ruínas de templos pagãos e construíram novos edifícios cristãos nesses locais.(...)

No século XVI, os reformadores herdaram a sisuda tradição dos edifícios. Em um curto período de tempo milhares de catedrais medievais passaram para seu controle.
(...)

A principal mudança arquitetônica dos reformadores refletiu sua teologia. Eles colocaram o púlpito no centro dominante do edifício em vez da mesa do altar. (...)

Nas igrejas luteranas, o púlpito foi movido para frente do altar. O púlpito dominou nas igrejas reformadas e o altar finalmente desapareceu sendo substituído pela “mesa da comunhão”. Hoje é impensável um culto protestante sem a presença da “mesa sagrada"!

O púlpito ocupa uma posição central na Igreja Protestante. Tanto que um famoso pastor em conferência patrocinada pela Associação Evangelística de Billy Graham disse: “Se a igreja vive é porque o púlpito vive — se a igreja está morta é porque o púlpito morreu”. O púlpito é daninho porque eleva o clero a uma posição de proeminência. Como seu próprio nome diz, este coloca o pregador no centro do “palco” — separando-o e colocando-o no alto acima do povo de Deus.
(...)

Podemos Superar esta Tradição?

O edifício é um obstáculo, não uma ajuda. É algo que rasga o coração da fé cristã — uma fé que nasceu das salas das casas. Cada domingo pela manhã você se senta em um salão com origens pagãs e construído sobre uma filosofia pagã.
Não existe a menor prova de base bíblica para o edifício da igreja. No entanto, você, precioso cristão, continua a pagar um bom dinheiro para santificar seu piso e seus tijolos. Fazendo isso, você apóia um palco artificial e um auditório onde você fica passivo e impedido de ser natural ou íntimo. (Mesmo que você usufrua um doce companheirismo no estacionamento lotado, este é silenciado quando você chega diante da porta e entra dentro do salão).

Não temos idéia do que perdemos enquanto cristãos quando criamos o edifício da igreja. Chegamos a ser vítimas de nosso passado. A tradição nos faz cair.
Fomos engendrados por Constantino que nos deu o privilégio de sermos donos de um edifício. Fomos cegados pelos romanos e gregos que nos impuseram suas basílicas hierarquicamente estruturadas. Fomos enganados pelos godos que nos impuseram sua arquitetura platônica. Fomos seqüestrados pelos egípcios e babilônicos que nos deram o campanário. E fomos fraudados pelos atenienses que nos impuseram suas colunas dóricas.

De alguma maneira fomos ensinados a nos sentir mais santos quando estamos na “Casa de Deus”. Herdamos uma dependência patológica de um edifício para adorar a Deus. Mas, na realidade, não há nada mais paralisante, artificial, impessoal, ou forçado que um edifício da igreja clínica. Em tal edifício, você não é nada mais que uma estatística — um nome em uma ficha para ser arquivada no escritório do pastor. Não há nada amistoso ou pessoal nisso.

Enfim, o edifício da igreja nos ensinou de uma maneira errada o significado da igreja e sua finalidade. O edifício é uma negação arquitetural do sacerdócio de todos os crentes. É uma contradição da verdadeira natureza da ekklesia — a qual é uma comunidade contracultural. O edifício impede nosso entendimento e experiência de que a Igreja é o Corpo funcional de Cristo que vive e respira sob sua direta direção sem intermediários.

Cristianismo Pagão - Frank Viola

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