sexta-feira, novembro 20, 2009

A não sempre virgem Maria


Alguns católicos ficam atônitos quando a doutrina da sempre virgem Maria é contestada. Se Maria, apesar de casada com José, tivesse ficado virgem até a morte, não tenho nada contra. Ocorre que não encontro apoio bíblico para tal doutrina. Pelo contrário.

Examinei comentários em duas bíblias aprovadas pela igreja romana, a respeito do seguinte versículo:

“E [José] não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito, e pôs-lhe o nome de Jesus” (Mateus 1.25).

Leiam o comentário da Bíblia Sagrada, aprovada pela igreja romana, edição ecumênica, BARSA, 1977, tradução do Padre Antonio Pereira de Figueiredo, com notas do Mons. José Alberto L. de Castro Pinto, bispo auxiliar do Rio de Janeiro. De acordo com a foto acima, parte externa e interna, não há dúvida tratar-se de edição da igreja romana. Vejam o que ela registra sobre o versículo acima:

“Enquanto (ou até que): esta palavra portuguesa traduz o latim donec e o grego heos ou, que por sua vez estão calcados sobre a expressão hebraica ad ki que se refere ao tempo anterior [grifo meu] a esse limite sem nada dizer do tempo posterior, cf. Gn 8.7; Sl 109.1; Mt 12.20; 1 Tm 4.13. A tradução exata seria: “sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz...”, pois a nossa expressão “sem que” tem o mesmo valor”. Comentários de autoria do Monsenhor José Alberto L. de Castro Pinto, bispo auxiliar do Rio de Janeiro.

A referida Bíblia Católica afirmou que “não a conheceu até que deu à luz” nos diz que, enquanto Maria grávida e até dar à luz, o casal não teve relações íntimas. Maria deu à luz sem que José a tivesse conhecido.

Vejamos agora o que diz a Bíblia de Jerusalém, Paulus Editora, 1973, 8a impressão em janeiro/2000, rubricada em 1.11.1980 por Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. O trabalho de tradução foi “realizado por uma equipe de exegetas católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários”. Repito, essa bíblia está assinada por um sacerdote católico. Assim comenta:

“O texto não considera o período ulterior [depois do parto] e por si não afirma a virgindade perpétua de Maria [grifo meu], mas o resto do Evangelho, bem como a tradição da Igreja, a supõem”.

Em outras palavras, os exegetas católicos, que trabalharam na edição da referida Bíblia, reconheceram o óbvio, ou seja, que até o nascimento de Jesus, José e Maria não se “conheceram”. Todavia, dizem bem quando entendem que a Tradição “supõe”, isto é, o dogma da perpétua virgindade de Maria é uma suposição, não uma realidade. “O resto do Evangelho” é uma expressão vazia porque não cita qualquer passagem bíblica.

Há necessidade de explicar mais alguma coisa?

03.11.2009

Pr. Airton Evangelista da Costa

www.palavradaverdade.com

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