terça-feira, novembro 17, 2009

A Virgindade de Maria e a Incoerência Católica


Diz o Catecismo da Igreja Católica:

“O aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem” (C.I.C., item 499, página 141).

Diz a Bíblia:

“José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher. Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus” (Mateus 1.24).

Comentário da Bíblia de Jerusalém, Paulus Editora, com a chancela datada de 01.11.1980, de Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano de São Paulo:

“O texto não considera o período ulterior [posterior] e por si não afirma a virgindade perpétua de Maria, mas o resto do Evangelho, bem como a tradição da Igreja, a supõem”. Isto é, a Bíblia, aqui, só afirma a virgindade de Maria até o nascimento de Jesus.

Comentário do Monsenhor José Alberto L. de Castro Filho, na Bíblia Sagrada, foto acima, aprovada pela igreja romana, edição ecumênica, BARSA, 1977, tradução do Padre Antonio Pereira de Figueiredo, com notas do referido monsenhor, bispo auxiliar do Rio de Janeiro:

“Enquanto (ou até que): esta palavra portuguesa traduz o latim donec e o grego heos ou, que por sua vez estão calcados sobre a expressão hebraica ad ki que se refere ao tempo anterior [grifo meu] a esse limite sem nada dizer do tempo posterior, cf. Gn 8.7; Sl 109.1; Mt 12.20; 1 Tm 4.13. A tradução exata seria: “sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz...”, pois a nossa expressão “sem que” tem o mesmo valor”.

Não poderia ser diferente a interpretação. Até o nascimento do primogênito, José não conheceu Maria, isto é, não teve relações sexuais com ela. O evangelho de Mateus foi escrito cerca de 60 antes depois de Cristo. O mais provável é que o evangelista conhecia a vida do casal José Maria, após o nascimento do primogênito. Poderia ter afirmado que o casal não teve outros filhos, e, inspirado pelo Espírito Santo, concluir que Maria permaneceu virgem até a morte. Não o fez.

Como vimos nas declarações do Catecismo, a doutrina da “sempre virgem” é uma confissão da Igreja Católica, uma dedução por sua conta e risco. Isto é corroborado pelo comentário da Bíblia Católica, ao dizer que “a tradição supõe”, isto é, trata-se de uma hipótese.

Sei que o contexto se faz necessário, mas não se encontra contexto favorável à doutrina da “sempre virgem”. Mais adiante, o mesmo evangelista arrematou:

“Não é ele [Jesus] o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós” (Mateus 13.55-56 – Bíblia de Jerusalém).

Todos os parentes naquela época eram chamados de irmãos, replicam alguns. Mais uma vez respondo com a palavra das citadas “Bíblias Católicas”, em que um parente é chamado de “primo”:

“Saúdam-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé...” (Colossenses 4.10). Esta carta paulina foi escrita cerca de 62 anos d.C., na mesma época em que Mateus escreveu seu evangelho.

04.11.2009

Pr. Airton Evangelista da Costa

www.palavradaverdade.com


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