sexta-feira, agosto 07, 2009
Perigos nas livrarias cristãs - (Parte 2)
1 - O PERIGO DA FILOSOFIA DO POSITIVISMO NEO-EVANGÉLICO
Um dos maiores perigos que os cristãos fundamentalistas enfrentam, hoje em dia, é o da nova filosofia evangélica, a qual tem-se infiltrado no Evangelicalismo nos últimos 50 anos. Ela é particularmente perigosa, porque, à primeira vista, parece ser biblicamente saudável. O âmago do perigo do novo Evangelicalismo não é o erro que ele prega, mas a verdade que ele negligencia. Ele focaliza o que é positivo, evitando totalmente a controvérsia teológica considerando- a impopular (por exemplo, assuntos como a separação bíblica e o inferno).
O novo Evangelicalismo resume sua mensagem apenas a uma parte de “todo o conselho de Deus” (Atos 20:27). Isto dá a impressão de que muito do que o novo Evangelicalismo prega é espiritualmente bíblico e benéfico. Ele pode pregar muito sobre salvação, sobre o viver cristão, o amor pelo Senhor, o casamento, a educação dos filhos, a santificação, a divindade de Cristo e até sobre a infalibilidade da Escritura.
Mas, ao ser encarado com a exigência de condenar o erro e denunciar os líderes cristãos populares, ele se recusa a tomar uma posição e, mais provavelmente, vai se voltar contra quem o estiver forçando, taxando-o de “extremo fundamentalista”, “separação do segundo grau”, ou algo assim.
Billy Graham é o rei do positivismo e do não julgamento. Seus livros estão nas prateleiras da vasta maioria das livrarias cristãs. Ele é por demais influente e sua mensagem tem sido descrita como “áspera no centro, porém macia nas bordas”. Ele diz que o seu ofício é apenas pregar o evangelho e que não foi chamado para se envolver em controvérsias doutrinárias.
Em 1965, o United Church Observer, jornal oficial da Igreja Unida do Canadá, cujo moderador Bill Phipps afirmou (em 1997) que “Jesus Cristo não é Deus”, fez a Graham uma série de perguntas. Suas respostas demonstram o estilo neo-evangélico positivo do não julgamento.
Pergunta - Em seu livro, o senhor fala dos ‘falsos profetas’. O senhor diz que o esforço de tempo integral de muitos intelectuais é se desviar do plano de Deus e cita Paul Tillich. O senhor considera Paul Tillich um falso profeta?
Resposta - Resolvi usar a prática de não fazer julgamento de outros eclesiásticos.
Pergunta - O senhor acha que igrejas como a Igreja Unida do Canadá e as grandes igrejas liberais do Estado Unidos, ativas no movimento ecumênico e cujos ministros estudam e respeitam a obra de Paul Tillich, e de outros grandes mestres modernos, são apóstatas?
Resposta - Provavelmente, eu não poderia fazer tal julgamento contra igrejas individuais ou contra os clérigos da Igreja Unida do Canadá. Meu conhecimento desta igreja é inadequado e minha capacidade para tal discernimento é por demais limitada. Meus livros e escritos são do conhecimento público, mas amo a comunhão e a obra de muitos cristãos que não concordam teologicamente comigo em tudo. Quanto a chamar apóstata quem lê e recebe ajuda de Paul Tillich, isto é absurdo. Existem muitas sombras nas opiniões teológicas das grandes denominações a serem esclarecidas pelos liberais, neo-ortodoxos, conservadores, fundamentalistas, ou quem quer que seja.
Pergunta - Sua organização está firme conosco numa tentativa moderna, esclarecida e erudita de explicar às pessoas o que “a Bíblia diz”? Ou está do lado dos que nos descrevem como uma igreja apóstata, que espalha a descrença?
Resposta - Nossa Associação Evangelística não está preocupada em fazer julgamento - favorável ou adverso - sobre qualquer denominação em particular. Não pretendemos nos envolver nas diversas divisões dentro da igreja. Somos apenas pregadores do evangelho, não teólogos eruditos... Embora haja alguns membros em nossa equipe com grau de doutorado... Sentimos que o nosso chamado é especialmente. .. para levar pessoas a um compromisso pessoal com Cristo! Não queremos permitir que sejamos mal vistos pelos muitos concorrentes religiosos. (“Billy Graham - Answers 26 Provocative Questions”, United Church Observer, 01/07/1966).
Trata-se de puro neo-evangelicalismo . Ele prega contra o erro em termos gerais; porém, raramente o faz de maneira clara e específica.
A recusa de Graham em pregar qualquer coisa além dos aspectos mais básicos do evangelho (ou até do que é mais questionável) é que o torna aceito tanto pelos católicos como pelos teólogos modernistas. Charles Dullea, Superior do Instituto Bíblico Pontifício, em Roma, disse: “Porque ele está pregando o Cristianismo básico, não entra nos assuntos que hoje dividem os cristãos. Ele não toca nos Sacramentos da Igreja, de modo algum... O católico não escuta qualquer desconsideração à autoridade do ensino da Igreja, nem às prerrogativas papais ou episcopais, nem palavra alguma contra a Missa, os sacramentos e as práticas católicas. Graham não tem tempo para isso. Ele está pregando somente Cristo e um compromisso total com Ele. Em minha opinião, os católicos vão ouvir pouco, se alguma coisa, com que eles não concordem” (Dullea, “A Catholic Looks at Billy Graham”, Homiletic & Pastoral Review, Janeiro, 1972).
Billy Graham é apenas um exemplo da multiplicidade de outros evangélicos, cujos livros enchem as prateleiras das livrarias cristãs de hoje.
A ênfase dos livros disponíveis nestas livrarias não é sobre uma sólida pregação e ensino da Bíblia, nem sobre uma clara exposição dos erros que estão corrompendo a obra e o povo de Deus, hoje em dia. Em vez disso, a ênfase é sobre “uma proclamação positiva da verdade” e sobre os escritos que façam as pessoas se sentirem bem. Conforme diz J. I. Packer a respeito de Richard Foster e os livros da Renovare, eles são “suaves sobre o pecado e firmes sobre a graça”. (Capa traseira do livro de Foster, “Life With God”). Packer quis fazer um elogio, mas acabou fazendo uma acusação, porque a Bíblia é tão firme sobre o pecado como o é sobre a graça. Ninguém pode ter uma perspectiva apropriada da graça sem uma apropriada ênfase sobre o pecado, pois o horror do pecado, comparado à grandeza e santidade de Deus e à Sua terrível justiça, é que nos permite ver a graça numa perspectiva apropriada. De outro modo, a graça se torna uma “graça barata”, um assunto que ocupa as prateleiras da média das livrarias cristãs.
Tem-se, por exemplo, de Robert Schüller - “Turning Hearts Into Halos” - (Transformando Feridas em Alegrias); de Kay Arthur - “Lord, Heal My Hurts”, (Senhor, Cura Minhas Feridas); de Charles Stanley - “The Source of My Strenght - Healing Your Wounded Heart (O Tamanho de Minha Força - Curando Meu Coração Ferido); de David Jeremiah - “A Bend in the Road” - Experiencing God When Your World Caves In) (Uma Curva na Estrada -Experimentando Deus, Quando o Seu Mundo Desaba).
“Dangers in Christian Bookstores” - David Cloud
Traduzido por Mary Schultze
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