sábado, janeiro 10, 2009

Cristianismo Pagão - Ultima Parte

DÍZIMO E SALÁRIOS DO CLERO:
UM PESO NA CARTEIRA


Há dízimo na Bíblia? Sim, o dízimo é bíblico. Mas não é cristão. O dízimo pertence à velha Israel. Foi essencialmente um imposto de renda. No primeiro século, no NT, não há registro de cristãos dizimando.
A maioria dos cristãos não tem a menor idéia do que ensina a Bíblia no que se refere ao dízimo. Senão vejamos. A palavra “dízimo” simplesmente quer dizer a décima parte. .

O Senhor instituiu três classes de dízimos para os Israelitas como parte de seu sistema de impostos. A saber:
Um dízimo do produto da terra para sustentar os levitas, que não tinham herança em Canaã.
Um dízimo do produto da terra para patrocinar festas religiosas em Jerusalém. Se o produto pesasse muito para ser levado a Jerusalém, poderia ser convertido em dinheiro.
Um dízimo do produto da terra arrecadado a cada três anos para os levitas locais, órfãos, estrangeiros e viúvas.
Este foi o dízimo bíblico.(...)
..
Com a morte de Jesus, todos os códigos cerimoniais, governamentais e religiosos que pertenciam aos judeus foram cravados em Sua cruz e enterrados para sempre... Para nunca voltarem a condenar-nos. Por esta razão nunca vemos nenhum cristão no NT dando o dízimo. Da mesma forma que não os vemos sacrificando cabritos e touros para cobrir seus pecados! (...)
...
Dizimar pertence exclusivamente a Israel sob a Lei. No aspecto financeiro vemos os santos do primeiro século dando alegremente de acordo com sua capacidade — não para obedecerem a um mandamento. A oferta na primitiva igreja era voluntária.E os que se beneficiavam disto eram os pobres, órfãos, viúvas, doentes, prisioneiros e estrangeiros. .

Agora mesmo posso ouvir alguém fazer a seguinte objeção: “E quanto a Abraão? Ele viveu antes da Lei. Nós o vemos dizimar ao sumo sacerdote Melchizedek. Isto não destrói seu argumento de que o dízimo é parte da Lei de Moisés?”
Não, não destrói. Primeiramente, o dízimo de Abraão era completamente voluntário. Não obrigatório. Deus não o ordenou como havia feito com o dízimo de Israel.
(...).

Em segundo lugar, Abraão dizimou dos saques que ele havia adquirido depois de alguma batalha. Ele não dizimou de suas rendas nem de sua propriedade. O ato de dizimar de Abraão seria algo parecido com receber uma bonificação no trabalho, uma gratificação de Natal, para depois dizimar.

Em terceiro lugar, e o ponto mais importante, esta foi a única vez que Abraão dizimou em todos os seus 175 anos aqui na terra. Não há evidência de que ele voltou a repetir tal coisa novamente. Conseqüentemente, se você deseja usar Abraão como “texto de prova” para dizer que os cristãos necessitam dizimar, então você é obrigado a dizimar apenas uma vez!.

Isto nos remete ao batido texto citado anteriormente em Malaquias 3. O que disse Deus ali? Primeiramente, esta passagem foi dirigida ao antigo Israel quando este estava sob a Lei Mosaica. O povo de Deus estava retendo seus dízimos e ofertas. Considere o que aconteceria se os estadunidenses recusassem pagar seus impostos sobre suas rendas. A lei americana qualifica isso como um roubo. Os culpados seriam castigados por roubar ao governo..

De igual forma, quando Israel reteve seus dízimos (impostos), Israel estava roubando a Deus — Ele instituiu o sistema do dízimo. Então o Senhor mandou que seu povo trouxesse seus dízimos ao alforge. O alforge era situado nas câmaras do Templo. Esta câmara era separada para receber os dízimos em espécie, não em dinheiro, para o sustento dos Levitas, pobres, estrangeiros e viúvas. .

Note o contexto de Malaquias 3:8-10. No versículo 5 o Senhor diz que Ele julgará os que oprimem as viúvas, os desamparados e os estrangeiros. Ele diz, “Eu Me movimentarei com rapidez para castigar os que praticam bruxaria, os adúlteros, os mentirosos, os que roubam o salário de seus empregados, os que exploram as viúvas e os órfãos, enfim todos os que não Me respeitam”.

As viúvas, os órfãos e os estrangeiros eram os dignos recebedores do dízimo. Por reter os dízimos, Israel foi culpado de oprimir a estes três grupos. É aqui que está o coração de Deus em Malaquias 3:8-10: A opressão aos pobres.
Quantas vezes você ouviu pastores enfatizar este ponto, martelando teus ouvidos com a passagem de Malaquias 3? Das centenas de sermões que eu ouvi sobre dízimo, nenhuma vez escutei nem mesmo um sussurro acerca do que tratava esta passagem. Ou seja, os dízimos eram para sustentar as viúvas, os órfãos, os estrangeiros, e os Levitas, que não tinham qualquer propriedade. É isto o que a Palavra do Senhor tem como objetivo em Malaquias 3. (...) .

A Origem do Dízimo e do Salário do Clero.

Relatar a história do dízimo cristão é um exercício fascinante. O dízimo migrou do Estado para a Igreja. Na Europa Ocidental, exigir o dízimo da produção de alguém era cobrar o aluguel da terra que lhe era dada em arrendamento. Na medida em que a cobrança do aluguel de 10% era entregue à Igreja, esta aumentava sua quantidade de terras ao longo da Europa. Isto resultou em um novo significado relacionado a esta cobrança de 10%. Chegou a ser identificado com o dízimo levítico! Por conseguinte, o dízimo cristão como instituição foi baseado em uma fusão da prática do VT com a instituição pagã..

Pelo século XVIII, o dízimo chegou a ser um requisito legal em muitas áreas da Europa Ocidental. Pelo fim do século X, a diferença do dízimo enquanto imposto de renda e mandamento moral apoiado no Antigo testamento havia desaparecido. O dízimo tornou-se obrigatório ao longo da Europa cristã..

Em outras palavras, antes do século VIII, o dízimo era um ato de oferta voluntária. Mas pelo fim do século X, ele passou a ser uma exigência legal para sustentar a Igreja Estatal — exigida pelo clero e colocada em vigor pelas autoridades seculares!
Felizmente, a maioria das igrejas modernas abandonou a prática do dízimo como uma exigência legal. Mas a prática de dizimar está tão viva hoje como foi durante o tempo em que era um requisito legal. Certamente você não vai ser castigado fisicamente por não dizimar. Mas se você não for dizimista — isto se aplica à maioria das igrejas modernas — você será excluído das posições importantes do ministério. E sempre será culpado e atacado de cima do púlpito!.

Quanto aos salários do clero, os ministros não receberam salários durante os primeiros três séculos. Mas quando Constantino entrou em cena ele instituiu a prática de pagar um salário fixo ao clero dos fundos eclesiásticos e das tesourarias municipais e imperiais. Assim, pois, nasceu o salário do clero, uma prática daninha que não tem precedente no NT.(...)

Raiz de Toda Maldade.

Se um crente deseja dizimar voluntariamente ou com base em uma convicção, não há problema. O dízimo chega a ser um problema quando é apresentado como um mandato de Deus, obrigatório para todo crente..

O dízimo obrigatório representa opressão aos pobres. Não são poucos aqueles que são empurrados para uma pobreza mais profunda porque alguém lhes disse que se não dizimarem estarão roubando a Deus. Quando se ensina o dízimo como um mandato de Deus, os cristãos que têm muita dificuldade econômica para viver, são culpados se não o cumprem e mergulham em uma pobreza maior ao cumpri-lo. Desta maneira, o dízimo esvazia o evangelho enquanto “boas novas aos pobres”. Em vez de boas notícias, o dízimo chega como um fardo. Em vez de liberdade, chega a ser opressão. Esquecemos que o dízimo original que Deus estabeleceu para Israel era para beneficiar aos pobres, não para prejudicá-los!.

Por outro lado, o dízimo moderno é uma boa notícia para o rico. Para uma pessoa com altos rendimentos, 10% é uma soma ínfima. Dizimar, portanto, apazigua a consciência do rico na medida em que não exerce nenhum impacto significante sobre seu estilo de vida. Não são poucos os cristãos ricos que são levados a erroneamente pensar que estão “obedecendo a Deus” pelo fato deles colocarem um mísero 10% de suas rendas no prato da oferta..

Mas Deus tem uma perspectiva bem diferente relacionada ao ato da dádiva. Recorde a parábola das moedas da viúva: “Quando Jesus estava no templo, observava os ricos colocarem suas ofertas na caixa de ofertas. Foi quando uma viúva pobre pôs somente duas moedinhas de cobre. 'Realmente', comentou Ele, 'esta viúva pobre deu mais do que todos os outros juntos. Pois eles deram um pouco do que não precisam, porém ela, pobre como é, deu tudo o que tem’”. .

Lamentavelmente, o dízimo muitas vezes é visto como uma prova definitiva de discipulado. Se você é um bom cristão você dizimará, pelo menos é assim que se pensa. Mas esta é uma falsa premissa. O dízimo não é nenhum sinal de devoção cristã. Se assim fosse, todos os cristãos do século I teriam sido condenados por falta de piedade! .

A raiz persistente detrás do constante empurrão para que as pessoas dizimem na igreja moderna é o salário do clero. Muitos pastores sentem que é necessário pregar o dízimo e lembrar a congregação de sua obrigação de apoiá-lo em seus programas. E eles usam a promessa de uma bênção financeira ou o temor de uma maldição financeira para assegurar que os dízimos continuem sendo arrecadados.

Desta maneira, o dízimo moderno é o equivalente a uma loteria cristã. Pague o dízimo e Deus lhe devolverá mais dinheiro depois. Recuse dar o dízimo e Deus lhe castigará. Tais pensamentos assaltam o cerne das boas novas do evangelho.
Poder-se-ia dizer a mesma coisa quanto ao salário do clero. O qual tampouco tem qualquer mérito. De fato, o salário do clero corre totalmente em sentido oposto ao novo Pacto. Os anciãos (pastores) do primeiro século nunca receberam salários. Eles eram homens com profissões seculares. Eles contribuíam com o rebanho em vez de pegar dinheiro da congregação. (...) .

Embora o dízimo seja bíblico, não é cristão. Jesus Cristo não o afirmou. Os cristãos do século I não o observaram. E por cerca de 300 anos o povo de Deus não o praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os cristãos até o século VIII! .

O ato da oferta no NT era segundo a capacidade de cada um. Os cristãos doavam para ajudar outros tanto como para apoiar obreiros apostólicos, permitindo-lhes viajar e fundar igrejas. Um dos testemunhos da Igreja Primitiva foi o de revelar o quão liberais eram os cristãos com relação aos pobres e necessitados. Foi isto que fez com que gente de fora da igreja, inclusive o filósofo Galen, presenciasse o poder gigantesco e encantador da Igreja Primitiva e dissesse: “Olhe como se amam uns aos outros”. .

O dízimo é mencionado apenas quatro vezes no NT. Mas nenhuma destas quatro ocorrências se refere a cristãos. Definitivamente, o dízimo pertence ao VT onde um sistema de tributação foi estabelecido para apoiar aos pobres e onde havia um sacerdócio especial separado para ministrar ao Senhor. Com a vinda de Jesus Cristo, houve uma “mudança na lei” — o antigo acordo foi “cancelado” e “posto de lado” dando lugar a um novo. .

Agora, todos somos sacerdotes — livres para funcionar na casa de Deus. A Lei, o velho sacerdócio, o dízimo, todos foram crucificados. Agora não há cortina do templo, nem imposto do templo, e não há um sacerdócio especial que se coloca entre Deus e o homem. Você, querido cristão, foi libertado da atadura do dízimo e da obrigação de apoiar o sistema do clero. (...)

O Último Desafio .

Alguém disse uma vez, “Talvez não haja nada pior do que alcançar o último degrau de uma escada e descobrir que subimos pela parede errada”.Após ler este livro, você deverá identificar-se com esta declaração. Nesse sentido terminarei lançando um desafio direto ao seu coração. .

Você aprendeu que as práticas da igreja que você acreditava serem bíblicas não têm qualquer base nas Escrituras. Você descobriu a origem destas práticas. Você sabe que elas não tiveram origem em Deus, mas em homens — a maioria dessas práticas vieram do paganismo. E você sabe que elas frustram o propósito final de Deus para com a Sua Igreja. E você sabe que elas frustram o propósito final de Deus para com a Sua Igreja. Você também se deu conta de que dependeu desesperadamente destas tradições inúteis e de que foi até mesmo atrapalhado por elas. .

Diante do exposto, eu pergunto: Você vai continuar praticando tais tradições ou as abandonará? Você vai continuar praticando o que você sabe estar em desacordo com os desígnios de Deus? .

Você vai imprudentemente ignorar o que leu neste livro concernente às suas práticas na igreja? Ou será fiel aos fins absolutos da luz dentro de você, abandonando completamente a tradição do homem para seguir a plenitude de Cristo e Sua Igreja?
Após receber a luz que lhe foi dada, você continuará a sustentar invenções religiosas em detrimento da inspirada revelação de Deus? Ou você dará atenção à luz que está dentro de você? .

Você abandonará a igreja institucional que abraça práticas que violam o NT ou “invalidará a Palavra de Deus por amor às suas tradições? — que continuam amarrando uma grande pedra em torno da cintura da Igreja de Jesus Cristo?
Continuará a fazer sacrifícios na cidade de Faraó? Ou irá até a fronteira, sondar o terreno, e tomar uma atitude?

A história mostra onde a consciência e a tradição se chocam, a maioria do povo de Deus vai atrás da tradição. Agora mesmo, a questão primordial é...
Qual atitude você vai tomar?.

Cristianismo Pagão - Frank Viola

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